sábado, 28 de maio de 2011

Um trago de Angústia

Olho para os morros que contornam esta cidade repleta de prédios, poluição, carros e loucura. Olhando para eles, lembro-me de minha infância, quando morava na antiga chácara de meu pai. Era um lugar fantástico, cheio de árvores, animais como cachorros, gatos, galinhas e porcos. Era um lugar onde podia correr, brincar, fantasiar com super-heróis, dinossauros, com o velho oeste e com o que me viesse a cabeça. Eu era feliz naquele lugar. Tenho saudades dessa alegria, daquela esperança que encontramos somente nos olhos de uma criança, pois crianças são puras. Elas não têm malicias, tristezas e não tem a menor ideia de como é a vida adulta. Uma vida repleta de dor, angústia, contas, ex-mulheres, filhos, preconceito, exclusão social, desemprego... Quando somos crianças, vivemos num mundo imaginário, nossa mente domina os infinitos cenários existentes em nossa imaginação, podemos viver onde quisermos, ser quem quisermos.


O “mundo real” destrói o homem. É ele quem acaba com a sua ingenuidade. Você é forçado a cair de cabeça nesse mundo desconhecido, estando preparado ou não. Não temos a opção de nos prepararmos para isso. Eles dizem que temos, mais não, outra enganação. Não seja idiota o suficiente para querer deixar de ser criança e se tornar um adulto tão cedo. Será uma das coisas pela qual você ira se arrepender profundamente ao longo de toda a sua vida. Ser criança é algo magnifico e único. Não estrague isso querendo virar um adulto estúpido, fodido e cheio de merdas, na cabeça, nas ruas, merda na sua vida inteira. Ser adulto é uma merda. Trabalhar é uma merda. Beber é uma merda. Ter obrigações é uma merda. Viver assim é uma merda.


Adultos não amam como uma criança ama seja uma pessoa, um animal ou até mesmo um brinquedo. Os adultos nem mesmo sabem o que é amar de verdade. Eu não sei o que é sentir o amor, não o amor verdadeiro. Afinal, o que eu iria amar? Uma garrafa de cachaça? Minha maquina de escrever? Não posso amar uma mulher, ela não seria merecedora de nada que viesse de mim. Não tenho muito a oferecer. Posso oferecer apenas minhas palavras. Pobres palavras sem valor para muitos.


Meu coração dói. Dói pela saudade dos seus beijos. Dói pela saudade da minha infância. Quero ser feliz, não mais um menino triste. Gostaria de um novo coração, não mais este velho e mal tratado coração cheio de cicatrizes por tantas vezes ter sido ferido. Sou aquilo que ninguém quer mais. O resto da comida que vai para o lixo.

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