segunda-feira, 26 de setembro de 2011

De Quatro

Era sábado, já passava das 23 horas da noite, eu estava de saco cheio de passar toda noite bêbado em casa ou no bar que fica embaixo do meu pequeno apartamento. Como eu finalmente consegui pagar todas as multas e tirar meu carro do DETRAN, então eu decidi sair à procura de um novo bar.

Fazia dois meses que eu não trepava, estava de cabeça cheia e precisava aliviar. Estava excitado e, obviamente, chapado.

Liguei o carro e sai em direção aos bares da cidade. Parei em um bar chamado Fênix. Estava lotado, pessoas de todos os tipos: adolescentes bêbadas, homens querendo impressionar qualquer vadia. Mulheres loiras, morenas, duas ruivas, uma oriental e uma mulata.

Sentei no balcão e pedi rum com coca. Sentada ao meu lado estava a mulher mais linda que eu tinha visto nos últimos três meses. Ela era branca, com a pele rosada, olhos castanhos, assim como o cabelo, com ondulações nas pontas. Seus lábios eram finos, bem rosadinhos. Algumas pintinhas nas suas bochechas e pronto, era este o rosto mais lindo do local.

- Que tal uma bebida? É por minha conta.

- Não obrigada – Ela respondeu. Já estou com um copo cheio.

- Hm, tá legal! Então por que você não me paga um drink?

- É uma pena, você também está com o copo cheio.

- Não tem problema... – Virei meu copo. Uma delicia!

Ela me lançou um olhar. Êxito por poucos segundos e então pediu outro drink para mim, rum com coca, duas pedras de gelo.

Surpreendi-me quando ela iniciou uma conversa inesperada comigo:

- Você bebe bem.

- Eu sinto muita dor...

- O que você faz da vida?

- Eu bebo.

- Não, eu perguntei sobre a sua profissão.

- Sou alcóolatra profissional.

- Parece uma boa profissão... Sou jornalista, trabalho para a Folha de São Paulo. Escrevo sobre entretenimento, cultura, essas coisas.

Eu podia imagina-la sentada em sua cadeira vermelha, em seu escritório relativamente pequeno. Seus seios volumosos apertados contra sua camisa branca e sutiã de renda preto. Com os óculos caídos até a ponta do nariz, dois fios de cabelo da franja em frente ao seu olho direito. Enquanto ela escrevia sobre certo festival de música clássica... Fiquei de pau duro!

- Meu nome é Camila, e o seu?

- Leonard.

- Leonard? Já ouvi falar sobre algum Leonard... Não me lembro muito bem.

- Não é um nome muito comum.

Bebemos e conversamos, escutei na maior parte do tempo enquanto observava seus lindos lábios se mexerem, durante a noite toda. Quando eram 3 horas da manhã, decidimos sair.

Fomos para minha casa. Entramos, e por sorte, eu tinha ajeitado as coisas antes. Não havia tantas garrafas no chão, a cama estava limpa, o banheiro estava limpo. Apenas minha escrivaninha estava bagunçada, cheia de rabiscos, poemas e um conto ainda por acabar.

- Você escreve bastante para um alcóolatra.

- Escrevo proporcionalmente ao que bebo. E com a mesma qualidade.

- Leonard... Cocain? Você é Leonard Cocain! Já escrevi um artigo sobre um de seus livros.

- Não me lembro disso.

- Pois é, era um livro chamado “Escrevendo um Romance”. Adorei ele!

- Obrigado, agora, vamos beber.

Bebemos mais três copos de vinho, cada um. Então, encostados na janela apreciando a lua, puxei-a para mim e a beijei com vontade. Eu estava bêbado e excitado, outra vez.

Trouxe-a para mais perto, suas pernas se encaixaram na minha cintura e eu levantei-a, sem parar de beija-la. Caímos na cama, ela estava de vestido. Tirei sua calcinha e enfiei-me debaixo daquele manto de seda.

Sua respiração aumentava, assim como as batidas de seu coração. Podia sentir sua excitação na ponta da minha língua. Ela gemia para si.

- ÚÚÚÚÚÚ!

Tirei seu vestido, me impressionei quando vi que ela estava sem sutiã. Deitei sobre aquele corpo magnifico, coxas duras, seios perfeitamente proporcionais à palma das minhas mãos, e que rabo!

Entrei nela. Enfiava devagar no inicio, depois com mais força. Mordia seu pescoço e esfregava minha barba no canto do seu rosto. Sua pele era macia e lisa. Ela mordia os lábios e forçava os olhos. Estávamos embriagados de tesão.

Ficamos naquilo por quase duas horas sem parar. Decidi que a faria gozar, bem ali, com a lua já indo embora junto de nossas forças. Coloquei-a de quatro, afundei seu rosto contra o travesseiro e com minha mão esquerda, peguei aquele pedaço de carne grosso, cabeçudo e vermelho. Esfreguei-o naquela xoxota molhada e apertada, enfiei. Ia com toda vontade, segurei sua cintura com as duas mãos e fui com força. Ela gemia, iriamos gozar, juntos. Mais uma, duas, três, quatro... Quinze bombadas e gozamos.

Estávamos exaustos, rolamos juntos na cama. Ela me abraçou, dei-lhe um beijo, dormimos agarrados. Por fim, meu pau me agradeceu por aquela noite.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Saudade

Eu queria apenas que a noite acabasse logo, que o sol surgisse com o seu raio da manhã. Não me sentia bem enquanto bebia, enquanto fumava, muito menos escrevendo. Nada saia de mim, era como se estivesse preso em minha garganta, um grito de socorro que não poderia ser dito, de maneira alguma. Algo em segurava.

Sentia-me tão triste e sozinho, não sei explicar. Como sempre, não conseguia dormir e ainda estava com uma dor desgraçada nas costas, de tanto me curvar para escrever durante as ultimas três noites. Escrevi quatro poemas de amor, um conto sobre um vendedor de rosas desiludido após perder sua família em um incêndio desastroso e rascunhei algo sobre uma linda mulher que vivia entre rochedos na praia.

Pensei em tentar algo diferente, larguei tudo, peguei minha jaqueta surrada, meus cigarros e meu velho cantil, Charles. Sai para uma volta na rua fria e escura, eram 4 da manhã.

Descia a ladeira onde geralmente ficavam algumas prostitutas e uns traficantes de pequeno porte, mas com aquele frio, não havia ninguém. Fumava para tentar me aquecer e bebia uísque. De certa forma, deu pra aliviar-me do frio, mas não de todos os problemas que rondavam a minha cabeça naquela noite.

De uma hora pra outra, começou a ventar forte, levantando alguns dos meus fios de cabelo. Olhava ao meu redor, desatento, com a cabeça em algo que estava tão longe naquele instante que quase não notei o cachorro que me seguia. Um vira-lata de cor cinza e manchas pretas nas costas, seus olhos bobos e molhados, com um sorriso bobo e sua língua rosada boba... Cachorro engraçado aquele!

Andei por toda a região, até avistar logo a minha frente um parque. As folhas das arvores que rodeavam as grades do lugar, estavam caindo pro lado da calçada, onde eu estava. Encostei logo abaixo de um coqueiro, ou algo assim.

Olhei para o céu negro enquanto tomava mais um longo gole. O céu estava perfeito! A lua ainda brilhava forte, acompanhada de uma única estrela, ainda mais bonita que a própria lua. Aquilo me era familiar, nunca poderei me esquecer, daquela noite.

Abaixei meus olhos, que cheios de lágrimas, observavam aquele pequeno circulo de prata brilhante em minhas mãos geladas. Neste momento a resposta veio como uma bala em minha mente:

“Por que você esta tão longe neste momento? Eu sinto tanto a sua falta...”

Meu coração estava gelado e triste, louco por ela. Louco de saudades dela. Queria poder abraçá-la e nunca mais solta-la. Trocar meu velho e pequeno apartamento por uma grande casa no campo, com cavalos e cachorros correndo para todos os lados. Nossos filhos brincando e sorrindo ao nosso redor, enquanto nós nos abraçávamos e nos beijávamos felizes, como nunca.

Sonhos... Malditos sonhos! A vida pode ser cruel com aqueles que não souberem como lidar com a pressão que lhes é exercida. Se não estivermos preparados, estaremos mortos, e sozinhos. A morte já não me parece tão ruim...

sábado, 10 de setembro de 2011

Ao Inferno

Passeios últimos três dias enfiado dentro de casa a base deum grande estoque de bebidas alcoólicas, cachaça velha, vodca e conhaque, sem contar meu cigarro.

Não sei ao certo, mas acredito que era uma quarta-feira, depois de uma longa noite banhada a muitas doses de cachaça e conhaque, acordei abraçado a minha velha maquina de escrever, que herdará de meu avô.

Estava eu no processo de finalização de um trabalho, um livro. O enredo era sobre um poeta renomado, porem em decadência, a procura de uma razão para seguir em frente. Ele procura dentro de incontáveis garrafas de rum e dentro de varias mulheres, em todos os sentidos. O pobre, e solitário, poeta atravessa uma grande depressão, enlouquece como parnasianismo, apaixona-se pelo romantismo e vive o realismo. Suicídio é algo constate em seus pensamentos. E no fim... Bom, ainda não cheguei lá.

Levantei-me, fui ao banheiro para descarregar e lavar meu rosto. Quando me deparei com a minha imagem no espelho sujo e quebrado, vi meus olhos completamente vermelhos, minha barba tinha o comprimento de quatro dedos.

Lavei meu rosto, escovei meus dentes amarelos, aliviei-me na privada verde musgo e voltei para a máquina. No momento em que eu me direcionava para a escrivaninha, notei que eu não sentia as minhas pernas, meus braços, minha cabeça... Não sentia nada! Estava eu sonhando? Provavelmente era o efeito do álcool consumido durante a noite.

Acendi um cigarro, dei uma rápida lida nas últimas páginas que eu havia escrito. Tirei da gaveta da escrivaninha, debaixo de alguns rascunhos, um de meus livros prediletos - O Livro de Praga: Narrativas de Amor e Arte, de Sérgio Sant’Anna. Passei a mão na capa, gostava muito dela, e o abri: “Mantenha-me em sua memória, deixe de fora todo o resto.”. Li a dedicatória, então, um sorriso, um breve momento de lucidez e paixão surgiram de maneira natural.

Coloquei o livro de volta na gaveta enquanto terminava meu cigarro. Apoiando-me em meu braço, recostado na cadeira e brincando com os pelos do meu rosto, entrei novamente em transe.

Era como se tudo estivesse em câmera lenta e em preto e branco. A cada piscada dos meus olhos, o meu estado, de sonho e alucinação, apenas aumentava.

Fechei meus olhos, podia sentir o vento em meus cabelos, meu corpo balançava conforme a ventania aumentava sua força. Quando abri os olhos, eu estava no topo de um edifício. De repente silenciou-se a escuridão do momento, assim, pulei... Não sentia mais o vento, apenas um enorme frio no estômago. Via-me caindo cada vez mais rápido na direção do chão, meu estômago congelava, minha garganta formigava e então, quando iria chegar ao fim da linha, abri os olhos novamente.

Enquanto retomava a consciência, suando como um porco, tremendo e com calafrios, notei que eu estava jogado no chão do meu pequeno quarto. Sem saber como fui parar lá, me levantei. Tomei o que sobrou do conhaque que estava no copo ao lado da cama e em seguida deitei.

Olhava assustado para o teto. Sentia algo gelado pressionado contra a minha cabeça, enquanto o suor escorria pelo lado esquerdo do meu rosto.

Quando dei por mim, eu estava segurando uma pistola, com ela apontada para minha cabeça. Não entendia o que estava acontecendo, escutava uma voz feminina, muito familiar ao fundo gritando. A voz me chamava, dizia que não valeria a pena e que me amava. Eu sabia de quem era aquela voz... Minha mão suava, meus olhos lacrimejavam e eu dizia que não o faria, mas nada que eu realmente fizesse poderia impedir o que estava para acontecer.

A bala perfurou meu crânio, atravessando a minha cabeça e, ao contrário do que muitos dizem, você sente tudo aquilo, toda aquela dor, devagar, sofrendo... Veio como um trem, não conseguia respirar, tremia e suava novamente. Acordei daquele sonho, ou algo assim.

Era como se alguém estivesse ao meu lado, de pé, me olhando sofrer e morrer por dentro. Talvez fosse o maldito Diabo outra vez.

Permaneci paralisado por alguns instantes. Então me levantei, esfreguei o suor na minha testa e sentei em frente à máquina. Servi-me de um copo de conhaque e o mandei direto para meu fígado. Outra dose, virei o copo.

Tentava entender qual o significado, se é que havia algum sentido para o que aconteceu. Ao mesmo tempo, eu tentava simplesmente esquecer e voltar a dormir, ou elo menos finalizar meu trabalho.

Pensava, pensava, pensava... FODA-SE! Não quero saber se era o Diabo vindo buscar minha maldita alma ou quem quer que seja atrás dela. Eu tenho muitas garrafas pra beber e um livro pra escrever, coisas mais importantes do que pensar nos meus demônios assombrando novamente meus sonhos, ao inferno com eles! Ao inferno com vocês todos! Ao inferno!