segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Justiça Poética

Quando criança eu nunca tive muito tempo pra refletir sobre a existência de um Deus todo poderoso, sobre o que era a política que todos tanto debatiam durante os encontros de família ou sobre o amor entre duas pessoas (e se fossem do mesmo sexo então, aí que a coisa ficava ainda mais distante de minha cabeça infantil), meus pensamentos eram exclusivos para fantasias com super-heróis e o velho sonho de ser “o cara” em um Copa do Mundo. Ao longo de muito tempo eu, assim como muitos, inconscientemente aceitei tudo como era, então, Deus era Deus (apesar de ser criado em família ateísta), política era coisa de adulto e amor, ao menos para mim, era a coisa mais bela de todas, idealizava o conceito do sentimento até mesmo em minhas aventuras imaginárias trajando minha capa e o restante do uniforme de um “super”. Contudo, os tempos passaram, muito já vivenciei, experimentei e, principalmente, redescobri. Hoje, bem mais velho, tenho outras ocupações em meus pensamentos. Ultimamente debates sobre religião, política e amor são figurinhas carimbadas em meu cotidiano, porém com alguns acréscimos, como as lições que tirei de minhas experiências e a mais bela de todas as ciências, a Filosofia, que aos poucos tenho o prazer de adquirir mais e mais conhecimento na área. E é por isso que decidi escrever aqui este argumento.



Começando pelo “todo poderoso”. Por ter crescido com pais ateístas, tive muita liberdade para escolher uma religião ou crença a seguir, coisa que por anos nunca tive o menor interesse em me envolver. O pouco que conhecia vinha das bocas de parentes ou amigos, mas nunca me influenciaram no assunto em questão. Eis que no auge dos meus 20 anos criei curiosidades de vertentes muito mais históricas do que “uma busca pela minha fé”. Encontrei muitos conceitos interessantes, porém o conteúdo histórico sempre me fascinou mais, e assim cheguei a Filosofia. Eu sei, eu sei, a Filosofia não é uma religião, mas depois de muito refletir, cheguei a um ponto meu. Dezenas de pessoas são seguidoras fiéis de conceitos escritos como relatos de outras pessoas que viveram em uma época distante descrevendo uma doutrina a respeito de um ser divino criador do mundo dos vivos e dor mortes. Sócrates, considerado o “Pai da Filosofia”, tornou-se conhecido principalmente através também de relatos em obras de escritores que viveram mais tarde, no caso, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte. Não estou aqui elevando Sócrates ao ponto mais elevado, um “Deus”.  Mas aos meus olhos, mediante meus conceitos atuais, escolhi confiar nos relatos de Platão, definindo o “Pai da Filosofia” como um dos meus objetivos de estudo e influência para o meu pensamento crítico futuro.

Tenho de admitir, ainda não sou dos mais interessados em política, talvez seja coisa da minha geração ou pela idade. Apesar de sermos “animais políticos”, continuo sem a faísca que inflamaria meu interior. Entretanto, meu interesse pela geopolítica e pelos debates das atualidades aumentam vagarosamente ao longo dos últimos meses, fato que me intriga para o que poderei me transformar quando chegar ao ápice dessa nova busca por conhecimento. Somos “animais” e somos curiosos, com a quantidade certa de determinação, não existem programas de computador que possam prever nossos limites ainda.

Passando das máquinas sem coração para as pessoas sem sentimentos. Na minha infância eu brincava muito com a ideia de ter um amor para o resto da vida, minha imaginação levava isso em seu diversos mundo, desde o herói salvador da terra ao homem adulto chefe de uma família feliz. Acredito que por muito tempo carreguei essas histórias comigo, porém conforme fui envelhecendo, fui vendo que tais histórias eram possíveis de vida apenas em meu mundo das ideias, enquanto na vida real não era bem assim que acontecia. Parece que as pessoas têm medo de expressar seus sentimentos ou não os expressam como imaginam. Também tem aqueles que são mais honestos consigo, mas sofrem pelos que não conhecem o valor que existe para essa atitude. O que as pessoas parecem não entender é que para uma relação ter um resultado positivo é preciso ter confiança, companheirismo e amor próprio, este que na verdade é o principal elemento para o sucesso de uma relação, é ele quem estrutura tudo isso. Dessa forma não haveriam barreiras entre estados, conflitos entre sentimentos ou divergências de opiniões que interferissem numa relação verdadeiramente amorosa.


Enquanto preparava esta conclusão tive a chance de fazer mais uma releitura dos meus pensamentos, com isso cheguei a um ponto que muito me interessou. Todos os meus pensamentos e planos se desassociam do senso comum, levando-me a uma direção futura mais singular. Isso me deixou empolgado para com o que está por vir, algo que tem sido difícil de acontecer nos últimos anos, mas que agora pode fazer total diferença. Acredito que se tal análise pessoal alivia o buraco que eu sentia, a mesma pode contribuir para outros que também se sentem “distantes de si” por algum motivo. É com isso em mente que reafirmo em mim: "Eu sou o meu próprio redentor. Nos dizem para encontrarmos “a felicidade nas coisas pequenas”, mas nos venderam sonhos grandes quando crianças. Daqui para frente farei a minha própria justiça poética.