sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Apenas Respirando Juntos

O sol brilhava entre as folhas verdes e as flores das árvores ao nosso redor, Mélanie e eu estávamos no parque. Ao nosso redor, muitas crianças brincavam com suas bolas de futebol, andavam de bicicleta e corriam uma atrás das outras. Alguns adolescentes desfrutavam da juventude para fumar e amar sentados nos bancos e os mais velhos apenas apreciavam a beleza do lugar e suas respectivas companhias. Eu, ao menos tentava fazer isso...

- Vamos meu amor, de pelo menos um sorriso?
- Você sabe que eu não sou esse tipo de cara.
- O que eu sei é que por baixo dessa grande barba há um belo sorriso!
- E quando você pode descobrir isso? Eu não gosto de desperdiçar sorrisos, lágrimas, nada do tipo.
- Você sabe muito bem quando por esses lindos dentinhos pra fora... – Ela então me deu um olhar, de arrepiar meus pelos! – Na noite em que nós jantamos, quando estávamos dormindo, ou melhor, eu estava, você pôs esse sorriso pra fora.
- Então é isso que você faz? Fica me observando durante a noite? Há há.
- Estou sempre de olho em você meu querido.
- E eu estou de olho nestas lindas pernas que estão muito expostas nesse momento, graças a sua belíssima saia curta.
- Deixe de ciúmes, você sabe que sou toda sua!
- Mas aquele imbecil de olho em você pelo jeito não... Perdeu alguma coisa nas pernas da minha garota?

O cara era um desses tipinhos, atleta de fim de semana, após sua longa semana de puxa-saquismo em sua grande companhia, ele vai até o parque mais próximo para se gabar por meio quilo de músculos e suas malditas roupas caras, afinal, qual o proposito de se gastar milhões em algo que você não vai querer ver a cor depois de suar feito um porco?!

Nos sentamos próximos a um jardim enorme, com vários tipos de flores diferentes, todas muito coloridas. Acendi um cigarro para aprecia-las melhor.

- Você me prometeu que faríamos um passeio, andar ao ar livre e saborear a vida.
- Eu não estou fazendo isso? Merda, isso é outro sonho? Quando é que o Demônio aparece pra me cobrar uma divida?!
- Mas o que você esta falando? Demônio? Divida?
- Não é nada... Apenas um delírio, questionamento da realidade, faz bem pra saúde mental dos escritores – Sorri com autoridade.
- Seu bobo, gosto quando você faz esse tipo de coisa, quebra o clima pesado do dia a dia.
- É isso que eu faço, minha especialidade, sou um bobo, salvando o dia com piadas sem sentido, porém que tira uma risada até mesmo de quem está condenado a pena de morte.
- Tá legal. Então, o que você achou do lugar? Não é bom, uma vez ou outra, o senhor das cavernas sair e reconhecer o mundo onde vivi?
- Sim, sim, é ótimo! Como se eu estivesse nascendo de novo, é isso, você esta me dando a luz! Ó muito obrigado minha querida – Fui para cima dela, a abracei e a enchi de beijos, nos começamos a rir juntos.

Mélanie encostou sua cabeça sobre meu ombro, dei um beijo em seu lindo cabelo loiro. Aquilo tudo era novo para mim, nós dois ali juntos, apenas respirando... Eu não queria que ela fosse embora para a França, para Inglaterra, Estados Unidos, para nenhum lugar, eu a queria ali comigo, queria sentir aquilo pelo tempo que durasse. Todo homem precisa de uma musa e a minha poderia ser a garrafa.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Jogando a Sujeira Sobre a Mesa

- Cara você sumiu... Tá fugindo de quem?
- Não fugi de ninguém, somente desse maldito governo.
- Mete o pé na porta então, vira hippie de uma vez, aliás, com essa sua barba já você já tá no caminho! Há há.
- Eu gostaria de poder acreditar em Anarquia, no ideal Nazista, ou até mesmo Fascista... Mas eu não consigo acreditar e ter fé em nada, por que no final, eu não confio em ninguém. Eu estou sozinho nessa e tenho de viver assim.
- Malditos escritores, é por isso que não da pra ter um simples conversa com você, sempre falam demais, não acreditam em nada e tiram respostas pra tudo com suas filosofias do apocalipse.
- E quem é que esta falando demais agora? Há há.
- Então, eu ouvi dizer que você se enroscou com uma coleira... Francesa por sinal. Então é assim agora? Eu fico sabendo as coisas pelos vagabundos do bar do Arthur?
- Uma coleira? Não fiquei sabendo de nada do tipo...

Alex era um cara enorme, meio cheinho, com cara de bobo e assim como eu, cultivava uma grande quantidade de pelos na cara, a diferença entre nós era apenas que ele tomava menos banhos que eu e nem sempre o pobre coitado conseguia ter um orgasmo enquanto estava bêbado.

- Como estão às coisas com a nova senhora Cocain?
- Bom, até o momento tem ocorrido tudo muito bem e devagar.

Ela me olhou atravessado, deu um sorriso de lado e disse:

- Desgraçado, você tá trepando com ela! É impressionante, você não consegue segurar o seu pinto dentro da sua calça por nem um segundo se quer, tem que guarda-lo dentro de algo quente, é sempre assim!
- É o que você está dizendo, não eu.

Nós pegamos nossos casacos e saímos atrás de um bar para jogarmos sinuca. Pegamos meu carro, estava tarde, as ruas estavam vazias já que a chuva que tinha caído sobre a cidade não contribuiu muito para os pobres moradores de rua. Passamos por algumas garotas, coitadas usavam apenas roupas curtas naquele frio e tinham uma expressão de tesão em seus rostos, era de partir o coração e dar uma ereção até mesmo para o mais velho dos vagabundos...

Subimos a rua, então encontramos nosso bar predileto para uma partida de sinuca. Como previsto, ele estava praticamente vazio, com exceção de um grupo de “descolados” sentados em uma mesa e jogando. Eram três caras e quatro garotas, lindas, jovens, safadas... No auge de sua sexualidade! Duas loiras, uma ruiva e outra, baixinha, oriental.

Nós passamos por eles, dois dos babacas nos encararam com superioridade, Alex não se importou com aquilo, ele não era um cara de briga, mas no meu caso, eu fiquei puto com aquela merda toda. Fomos até o balcão.

- Eae meus amigos, como vocês estão esta noite? O de sempre pra vocês?
- Grande Victor! Tirando essa chuvinha, tudo na mesma... – Respondeu Alex.

Victor colocou uma garrafa de cerveja, dois copos e duas fichas para a mesa sobre o balcão.

- Ei, Vic, quem são esses babacas? – Eu perguntei enquanto me virava novamente para o grupo ao redor da mesa numero 1.
- Eles? Não conhece muito bem, frequentam raramente o bar, o que eu sei é que eles tem entre 22 e 26 anos, são uns universitários filhinhos de papai.
- Hm... Me da uma dose dessa cachaça.
- DUAS PRA MIM! – Exclamou Alex, sempre querendo provar o quanto seu fígado era feito a base de álcool...

Pegamos a mesa número 2, ao lado dos universitários. Enquanto jogávamos uma das loiras e a japinha ficavam nos observando com lindos sorrisos no rosto.

- Que tal a gente melhorar este jogo? – Perguntou-me Alex.
- Quanto?
- 20 paus.
- Fechado, quem vencer paga pela noite toda aqui.
- Ótimo!

Aqueles universitários mimados ficavam gritando, jogando cerveja de um lado para outro, só me deixavam mais irritado com a presença deles ali, exceto pelas lindas garotas.

- Ei, e que tal a gente dar o fora daqui, vamos pro meu apartamento na cobertura e vamos começar essa SURUBA!
- Cala essa boca Jorge! – Respondeu a loirinha que me olhava jogar.
- Sua vaca, olha bem com quem você tá falando! Eu posso muito bem pagar qualquer outra putinha ali na rua debaixo que ela deve saber fazer o serviço bem melhor que o seu e me sai mais barato!
- Por que você não vai se ferrar?! – Atravessou a conversa a ruiva.
- Vocês são uns porcos sem respeito nenhum... – Uniu-se a discussão a japa.
- Suas vadias, vocês tem de aprender como falar com seus putões! – Disse um deles enquanto se aproximava da loira pegando seu cabelo por trás.
- Ei, você imbecil! É melhor você não encostar um único dedo nessas garotas... – Eu disse.
- Filho da puta safado, que merda você quer se envolvendo onde não foi chamado?
- Esse é o melhor que você consegue bonitão? Nesse bar a gente não mal trata mulher alguma, deu pra entender?

Eles se aproximaram, um deles tinha um taco nas mãos.

- E o que você vai fazer a respeito?
Olhei para o que tinha o taco nas mãos e disse:
- É melhor soltar esse taco meu velho...

Antes mesmo de ele responder, chutei o taco que ele tinha entre as pernas e o acertei com um direto bem no meio da cara, ele caiu sobre a mesa. Alex acertou outro com um soco de direita, um de esquerda nas costelas e outro direto, na cara, ele caiu. Fui atingido no canto esquerdo do rosto com um soco e outro no estômago, revidei com um gancho no queixo do desgraçado falastrão, peguei ele pela gola da camisa e acertei dois socos em seu rosto, então o joguei contra a parede. Me virei a ponte de segurar aquele que estava caído sobre a mesa, peguei ele pela barriga, pulando em cima dele. Nós caímos no chão e eu o acertei com força no rosto, minhas mãos ficavam cada vez mais sujas de sangue, enquanto isso o outro recobrou a consciência e me acerto dois chutes na costela, eu cai. Alex jogou uma cadeira sobre ele, nesse tempo pude me levantar, peguei a garrafa de cerveja e a quebrei na cabeça do outro cara que se levantava do chão, ele não levantou mais depois daquela.

Um disparo contra o teto do bar nos fez parar de vez, era Victor nos expulsando de lá. As garotas saíram correndo, apenas uma das loiras ficou, ela tentava fazer seu namorado acordar depois de ter uma garrafa de cerveja quebrada em sua cabeça, um grande desperdício. Eu e Alex também saímos de lá, com nossos copos cheios de cachaça.

No fim, ficamos com alguns machucados em nossos rostos que havia sangrado bastante e minha costela doía demais. Chegamos ao carro depois de tomar nossas doses e jogar os copos no chão, então encontramos as três garotas, lindas, excitadas pela briga nos esperando. Aquela noite não tinha chegado nem perto de acabar...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Reabilitação Francesa

Mélanie e eu voltamos a trocar cartas e decidimos nos reconciliar, tentar outra vez. Nosso relacionamento não tinha ido para frente antes, pois ela precisou pegar um voo de urgência para a Paris, na França, onde iria resolver problemas familiares. Então, nesse meio tempo, eu poderia me relacionar com outras mulheres sem qualquer tipo de pensamento pesado na cabeça.

Após quase três meses, minha linda Mélanie estava de volta. Ela me ligou para dar a boa noticia e propôs um jantar em sua casa. Eu fiquei extremamente feliz com o que acabara de ouvir, mas não seria fácil dispensar a pobre Daniela que já estava seminua em minha cama...

Rapidamente me livrei de Daniela e me aprontei para encontrar a minha francesinha. A noite seria especial, segundo ela, iriamos ter um jantar romântico e refinado, exatamente por isso, tomei um longo banho, aparei a barba e me vesti adequado à ocasião: vesti uma camisa social preta, calça jeans limpa e, para não perder o habito, meu velho par de all star preto.

Parei o carro bem em frente ao seu prédio, peguei a garrafa de conhaque e me certifiquei que meu carro estava bem fechado. Ela morava no decimo sexto andar, era um apartamento básico, um quarto, sala, cozinha ligada a sala por um balcão de madeira, banheiro e uma pequena sacada. Mas era muito bem decorado, com taças de cristais, espelhos enormes, quadros caros e uma pequena obra de arte feita de vidro.

Fui extremamente bem recebido com um beijo delicado vindo daqueles lábios rosados. Mélanie apagou as luzes e então a mesa de jantar me chamou a atenção, ela estava iluminada por velas, havia duas taças, dois copos com água, pratos de porcelana, talheres de prata, provavelmente heranças de família, e um balde cheio de gelo com uma garrafa de vinho.

Sentamo-nos a mesa e ela pegou uma garrafa de vinho.

- Você quer um pouco de vinho, ou prefere ir direto ao assunto?
- Pelo jeito você tem me estudado muito bem, minha querida. Eu prefiro ir logo ao que interessa...

Tomei a garrafa da mão dela e a servi uma taça cheia, porém, para mim preparei outro drink. Peguei duas pedras de gelo do balde, tomei toda a água que estava no copo e o enchi com o conhaque.

- Um brinde!
- Mas é claro, e ao que iremos brindar?
- Brindaremos a coisa mais bela que há nesta casa... A poesia, um poema de amor.

“Como olhar para você
E não me perder em seus olhos?
Como ouvir você
E não me apaixonar?
Te amo durante o dia e,
À noite, te desejo.
Suspirando por apenas mais um beijo.”

Tivemos um jantar muito agradável, comemos, conversamos sobre a França, sobre cinema, sobre arte, sobre tudo, menos sobre livros, é claro. Mélanie então se levantou para tirar a mesa enquanto eu fumava na sacada. Olhava para uma cidade dominada por prédios e luzes brilhantes, vermelhas, azuis, verdes, amarelas... Mas eu ainda podia admira-la, afinal, ao menos durante a noite, era uma cidade colorida e feliz.

- O que aconteceu com você?
- Não é nada, só estava pensando em algo...
- O que seria isso?

Hesitei por um momento, então disse:

- Eu estava olhando para baixo e pensando... A distância não parece tão assustadora.
- Mais de onde você tira esses pensamentos?! Vamos, saia dai e tome outro copo.

Entramos e nos sentamos em seu belo sofá de couro preto. Eu pensava em como algo havia mudado entre nós, afinal, eu e Mélanie nunca fomos muito normais, ela sempre foi uma garota diferente das de mais, era mais fechada quanto a seus sentimentos, falava pouco, mas tinha tanto dentro de si. Quanto a mim, bom eu nunca fui e nem nunca seria normal. Mas algo estava diferente, ela parecia um pouco distante e ao mesmo tempo próxima de mim, buscando algo que talvez ela nunca tivesse ao menos tentado em outra relação. Isso me assustava de uma maneira muito agradável, já que eu via nela, uma garota especial, algo nela me dizia que ela valeria a pena tentar.

Eu a observava fumando, era lindo. Ela fumava com delicadeza e com uma sensualidade que me enlouquecia apenas em olha-la. A fumaça dava voltas em seus dedos e, em círculos, ia subindo até desaparecer numa imensidão de prazer. Quando percebi, eu já estava tendo uma ereção, apenas de vê-la fumando aquele pedacinho delicioso de morte.

- Pelo visto você estava duro de saudades, não...

Eu ainda me deliciava com sua beleza.

- O que... É... Duro?
- Sim, duro... Hahaha.

Ela ria, e novamente eu sentia um calor vindo do meu peito.
Devagar, ela se aproximou de mim, colocando meu copo sobre a mesa de centro, em seguida me beijando. Seus lábios não podiam mentir, ela estava queimando tanto quanto eu, era puro e selvagem. Sua mão caminhava pelo meu corpo, da barriga, logo foi se esconder dento de minha calça. Fomos para o quarto dela, sem parar aquele beijo nem por um segundo.

Tinha sido uma noite diferente, o jantar, o sexo, os momentos em que nós apenas pensávamos no que falar... Mas no fim, após todo aquele momento de tesão e paixão, ela dormia em meus braços com um grande sorriso em seu rosto e eu finalmente dormiria, como há muitos meses não conseguia