quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Bêbado como a Morte

Eu caminhava durante a tarde, o sol, como de costume, fritando meus miolos. As pessoas andavam, praticamente corriam devido ao maldito estresse da rotina de trabalho semanal. Filhos das putas!

Todo escritor tem o seu período de “bloqueio mental”, as ideias surgem, mais não criam raízes. Elas aparecem e logo se vão, como as nuvens no céu. Decidi circular pelas ruas observando a vida estúpida das pessoas ao meu redor, é uma ótima maneira de levantar seu ego. Eu estava preparando a terra para então plantar uma nova ideia.

Fumava um cigarro olhando fixo para os meus pés se movendo, pra frente e pra trás. Mas uma agitação iniciava-se bem na minha frente. Carros da polícia, ambulâncias e um caminhão do corpo de bombeiros apitavam suas sirenes dos diabos.

Aquilo poderia render algo para uma nova história, “para se escrever, é preciso viver”. Decidi contrariar meus ideais e ir a favor da maré, então fui ver o que havia rolado de perto.

Um ônibus enorme rachou um carro, um Uno branco, ao meio. O motorista ainda estava preso no banco da frente e um bombeiro tentava socorre-lo. Aquilo não me impressionou o suficiente, era até entediante. Passei direto, pude ouvir os gemidos do motorista.

Todos os dias parecem ser iguais, completamente monótonos e nostálgicos. Parei para tomar um café. O lugar era bacana, sem muita gente, clima agradável, nada parecido como o inferno que estava lá fora.

Sentei, pedi um cappuccino. Tirei meu caderno e minha caneta do bolso, os ajeitei sobre a mesa e fiquei os encarando por um tempo. Onde esta você? O que esta pensando nesse momento...

Quando minha bebida chegou, trazida por uma garçonete incrivelmente linda, pedi uma dose de pinga:

- Olá meu anjo, você poderia me trazer uma dose daquelas?

Sua voz era compatível ao seu rosto assimétrico, porém maravilhoso, ainda mais com aqueles lindos olhos verdes e lábios vermelhos.

- Posso dar um jeito, mas nós trabalhamos apenas com doses de uísque, vodca, rum...

- Traga uma de uísque e uma de rum, por favor, minha linda!

Ela se virou mostrando toda aquela bunda em cima de suas pernas torneadas expostas numa calça legging. Fiquei de pau duro.

Eu estava excitado, comecei a me masturbar mentalmente. Imaginei a garçonete de lingerie, me chamando com sua boca vermelha de batom. Ela chupava meu pau, todo grosso e duro, depois eu a virava de costas para mim, ela se apoiava no balcão, meu pau penetrava fundo, iria rasga-la... Assim surgem as grandes histórias.

Minhas doses chegaram, virei ao rum primeiro, gosto de saborear uísque de qualidade. Eu trocava os copos, bebia o cappuccino e o uísque aos poucos. Ambos estavam excelentes.

Troquei olhares e sorrisos com a garçonete. Ela deixou seu nome, telefone e endereço escritos em um guardanapo: Daniela – 88194750, Rua Coronel Rodriguez Paiva. Continuei bebendo os dois copos, enquanto isso ia escrevendo as minhas fantasias com Daniela.

Entrou um cara, jovem, pele branca e bochechas rosadas. Olhos castanhos, nariz fino, lábios pálidos. Cabelo também castanho, corpo magro. Usava roupas velhas, camisa preta já desbotada, calça jeans surrada e tênis all-star preto, bem gasto, aparentemente.

Ele passou por mim, olho diretamente em meus olhos, tinha uma expressão muito triste no rosto. Não sei como explicar, eu me senti deprimido naquele momento.

Virei o uísque. Um corpo caiu ao meu lado, era o magrelo de rosto pálido e triste. Ele se contorcia no chão, babava, sua boca estava espumando muito. As pessoas ficaram paralisadas, assim como eu. Não era como o acidente de carro, eu estava diante de um surto da realidade.

Meus olhos estavam voltados para seu rosto, eu encarava diretamente a morte. Tudo ficou escuro. Meu corpo estava congelando, uma voz ao fundo dizia “Pobres são aqueles que desfrutam da vida com um peso, a dor, dentro de si. Carregam a culpa de toda a sujeira que há ao seu redor. Cuidado, não vá se perder de seu caminho. A realidade te confunde, lute contra seu medo, lute contra seu medo, lute contra seu medo...”.

Um tapa forte no meu rosto, acordei.

- Ei cara! Acorde! Um já se foi, não quero mais um defunto no meu estabelecimento.

Levantei ainda atordoado e com uma dor na nuca, olhei para Daniela e disse:

- Dani, me traga outra dose. Depressa.

Paguei minha conta e dei o fora de lá.

Horas mas tarde, estaria eu bêbado. Com certeza eu ligaria para Daniela...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pura Poesia

Minha cabeça parecia que ia estourar, minha boca estava seca, eu precisava de uma cerveja. Tinha virado a noite no bar, já era dia.

- Sol de merda... – Resmunguei enquanto subia cambaleando as escadas.

A porta estava meio aberta. Meu sangue subiu imediatamente, de bêbado equilibrista fui para valente destemido, um guerreiro em defesa de seu território.

Fechei os punhos, olhei ao redor em busca de algum tipo de arma, nada. Seria assim, homem à homem, puro instinto animal. Encostei o rosto na porta e olhei pela fresta aberta. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Pensei que estava bêbado demais, que eu devia ter caído da escada e estava desmaiado sonhando com aquela cena.

Abri a porta com extrema cautela. Entrei sem fazer barulho e fechei a porta. O quarto estava pegando fogo, o calor era intenso. Meu coração disparou de repente.

Ela estava praticamente deitada em minha poltrona de frente para minha máquina de escrever. Esfregava meus poemas escritos em uma folha de papel branca em seu corpo suado. Fazia uns barulhinhos, controlava seus gemidos.

Era lindo! Era perverso! Era excitante! Aquela mulher totalmente desconhecida, porém, extremamente natural com minha arte contribuindo com seu prazer. Cabelos negros, lisos, boca rosada e fina. Seios apalpáveis, coxas grosas e aquela xoxota molhadinha... Pura poesia.

Hesitei em me aproximar, ainda estava em choque, imaginando ser um sonho, afinal é essa a realização de todo escritor, mais fui para perto dela. Não tive tempo para piscar, ela abriu minha calça com a velocidade de uma onça. Abocanhou meu pau com vontade. Olhava fixo para mim, queria ver a minha reação, a expressão em meu rosto.

Ela chupava ele inteiro, depois só a cabeça e brincava usando sua língua. Nunca tinha recebido um boquete como aquele. Não conseguia pensar em mais nada, não me importava o quão inacreditável era aquilo, uma total estranha entra em minha casa, se masturba com meus poemas e agora engole todo o meu pau?! Estava prestes a gozar, meu corpo estava mole, eu iria cair sobre a mesa.

Em segundos todo aquele êxtase de prazer se foi. A maldita o tirou da boca, duro e limpou os lábios.

- Você escreveu estes poemas para uma só mulher?

- Olha aqui, que porra é essa de entrar na minha casa, ler meus poemas, brincar com eles e não me deixar gozar?

Nenhuma mulher tem o direito de interromper um orgasmo...

- Você é muito grosso! Me responde, pra quem você escreveu tudo isso?

- Desgraçada... Sim! Eu escrevi para uma mulher, em geral, todos são pra ela.

- Mais que coisa linda!

- É, pode ser... Afinal, como você veio parar aqui?

- Você é meio rabugento. Sou uma fã sua, leio seus textos há um bom tempo. Descobri seu endereço depois de uma apresentação sua em um teatro lá no centro.

- Você me seguiu até aqui? Rabugento é o caralho!

- As coisas detestáveis que você pensa que quer dizer, o tempo irá torná-las piadas. No fundo, seu coração é de um bom homem, tenho certeza disso.

- Ao menos alguém tem.

Me virei e fui pegar uma cerveja na geladeira. Tomei um longo gole, matava a minha sede, era tão bom. Senti sua mão descendo do meu peito até agarrar novamente meu pinto.

Segurei com força seus braços e a joguei na cama, ela caiu de costas. Era a minha vez, iria mostrar para ela o que sentia quando escrevia um poema. Apertava suas longas e firmes pernas brancas, brincava com sua xota, sentia seu clitóris na ponta da minha língua. Era o gosto do paraíso. Ela não se controlou, deixou acontecer. Gemia forte, seus olhos estavam firmemente fechados, suas mãos apertavam meus braços... Orgasmos múltiplos!

Fui pra cima dela. Sua boca estava aberta e molhada, era uma delícia beija-la. Ficamos nos beijando e acariciando nossos corpos suados por um tempo. Eu estava com o pau duríssimo. Entrei nela. Cavalgava aquela mulher magnifica, aperava sua coxa e penetrava. Ela estava enlouquecendo comigo. Me abraçou forte, gemia mais e mais alto, apertou minha nuca, puxava meu cabelo, fincava a unha no meu braço. Nós gozamos juntos.

A lua entrava pela janela, quanto tempo tinha se passado? Novamente você estava lá. Era poesia pura...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pensamento Vago

Uma grande nuvem negra tomava a cidade está manhã, chovia forte. Acordei com os trovões rachando os prédios ao meio. Não conseguia mais dormir, nem poderia. Senta meu peito pesado, pura mágoa.

Você conhece a sensação de ver o amor da sua vida virando as costas pra você e indo com outro pra casa? Dando seu coração para o outro... A sensação do seu companheiro de equipe se aliando a seu inimigo, um grande, gordo e estúpido cara sem a mínima noção cultural, literal e musical.

Você tem seu corpo rasgado, aberto e suas tripas arrancadas. Tirando tudo: coração, pulmões, fígado, rins... Até mesmo suas lágrimas! Uma pessoa sem lágrimas é uma pessoa incapaz de demonstrar seus sentimentos. Nelas guardamos alegria, tristeza, dor, angústia, felicidade, amor.

É difícil pensar com o mundo desmoronando lá fora, na verdade, é quase impossível fazer qualquer coisa. Seu mundo cai junto...

A bebida tem outro gosto, ou eu estou louco? A vida tem outro gosto? Eu tenho? Mais que porra de pensamento é esse! De onde eu tiro isso, essa maldita dor que vem e vai quando bem entende. De quem é a culpa? Tem um culpado? Porra! De novo com isso?

Nunca serei o mesmo, com ou sem você. Meu sofrimento nunca será o mesmo, ele se fortaleceu, assim como eu. Para onde seus olhos estão mirados? Você continua a mesma na manhã seguinte, somos incapazes de mudar. Merda! Não me fortaleci o suficiente.

O álcool e uma dadiva, ele não te trai. Caso o faça, você ao menos saberá o motivo quando estiver jogado no chão com a cabeça enfiada num balde cheio de vômito.

Merda!

O sol refletia na janela e rachava a minha cabeça. Era uma quarta-feira, 5 horas da tarde e faziam 30 graus. Eu estava puto, não conseguia escrever, dormir, me masturbar, ouvir música... Nada! Pra piorar, minha geladeira pifou, então eu tive que tomar as cervejas, a maioria quente e comer tudo não estragar nada.

“Dia de merda! Sol de merda! Geladeira de merda! Merda, merda, merda...”.

Quem foi o filho da puta que fez o sol tão quente? Essa merda podia explodir, poderia ser sempre noite. A lua é tão linda, pode-se aprecia-la, ama-la. Já essa bola flamejante de merda, é exatamente o oposto. Você nem consegue olhar em sua direção, sem fritar seus olhos.

Fiquei ainda mais puto enquanto pensava, então eu decidi sair. Peguei minhas chaves e sai. Queimando o pneu no asfalto, dirigia eu sem direção.

Rodei por uns 20 minutos e parei num bar, sem saber muito bem onde eu estava. Pedi uma cerveja. Fui mal atendido, cercado de olhares atravessados, estava suando e estressado. Mas ganhei minha cerveja, gelada.

Bicava o copo e notei que uns caras na mesa ao meu lado gritavam histéricos por causa de algo que passava na TV. Era um jogo de tênis, eles apostavam pelo vencedor de cada set. Três caras apostaram. Pedi outra cerveja, acendi um cigarro e entre a fumaça exclamei:

- Eu quero 20 no cabeludo de canelas finas!

Olharam-me toro. Os três foram contra a minha escolha. 45 – 15, venci.

Seguiu assim por mais três sets. Praticamente me expulsaram do bar e não levei nada do que eu, aparentemente, havia ganhado. Na verdade, perdi 15 reais em cerveja.

Onde eu estava? Não devia sair de casa. Estou acostumado com a solidão, ficar sempre confinado no conforto da minha jaula. Que saudade da minha poltrona.

Encontrei outro bar, ainda estava perdido. Passei tanto tempo preso a máquina de escrever que não conhecia minha cidade? Parei o carro e fui em busca de mais cervejas e olhares carregados de ódio e hostilidade.

Bati a mão no balcão e pedi uma cerveja, com agressividade. Ninguém me olhou torto, mas sim espantados. Trouxeram a cerveja, morna.

Estava escuro e o clima tinha mudado repentinamente. Ventava forte, uma tempestade se aproximava. Fiquei por quase 25 minutos lá, tomei quatro cervejas e três doses de pinga, do barril.

Bêbado, dirigia sem a menor noção de localização. Parei no semáforo, achei meu cantil, Charles, no porta-luvas. “Que diabo você fazia no porta-luvas, Charles? Vejam só... Esta cheio! Uísque!”.

Acordei com a água da chuva caindo em meu rosto. Olhei ao redor, eu estava caído ao lado da minha cama, a janela estava aberta sob minha cabeça.

Charles estava em minha cama, vazio. Garrafas, novas, jogadas no chão, com a chave do meu carro. E na minha cabeça, um grande branco.

“Merda! Por que eu que eu tenho de dormir no chão...”.