quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Merda!

O sol refletia na janela e rachava a minha cabeça. Era uma quarta-feira, 5 horas da tarde e faziam 30 graus. Eu estava puto, não conseguia escrever, dormir, me masturbar, ouvir música... Nada! Pra piorar, minha geladeira pifou, então eu tive que tomar as cervejas, a maioria quente e comer tudo não estragar nada.

“Dia de merda! Sol de merda! Geladeira de merda! Merda, merda, merda...”.

Quem foi o filho da puta que fez o sol tão quente? Essa merda podia explodir, poderia ser sempre noite. A lua é tão linda, pode-se aprecia-la, ama-la. Já essa bola flamejante de merda, é exatamente o oposto. Você nem consegue olhar em sua direção, sem fritar seus olhos.

Fiquei ainda mais puto enquanto pensava, então eu decidi sair. Peguei minhas chaves e sai. Queimando o pneu no asfalto, dirigia eu sem direção.

Rodei por uns 20 minutos e parei num bar, sem saber muito bem onde eu estava. Pedi uma cerveja. Fui mal atendido, cercado de olhares atravessados, estava suando e estressado. Mas ganhei minha cerveja, gelada.

Bicava o copo e notei que uns caras na mesa ao meu lado gritavam histéricos por causa de algo que passava na TV. Era um jogo de tênis, eles apostavam pelo vencedor de cada set. Três caras apostaram. Pedi outra cerveja, acendi um cigarro e entre a fumaça exclamei:

- Eu quero 20 no cabeludo de canelas finas!

Olharam-me toro. Os três foram contra a minha escolha. 45 – 15, venci.

Seguiu assim por mais três sets. Praticamente me expulsaram do bar e não levei nada do que eu, aparentemente, havia ganhado. Na verdade, perdi 15 reais em cerveja.

Onde eu estava? Não devia sair de casa. Estou acostumado com a solidão, ficar sempre confinado no conforto da minha jaula. Que saudade da minha poltrona.

Encontrei outro bar, ainda estava perdido. Passei tanto tempo preso a máquina de escrever que não conhecia minha cidade? Parei o carro e fui em busca de mais cervejas e olhares carregados de ódio e hostilidade.

Bati a mão no balcão e pedi uma cerveja, com agressividade. Ninguém me olhou torto, mas sim espantados. Trouxeram a cerveja, morna.

Estava escuro e o clima tinha mudado repentinamente. Ventava forte, uma tempestade se aproximava. Fiquei por quase 25 minutos lá, tomei quatro cervejas e três doses de pinga, do barril.

Bêbado, dirigia sem a menor noção de localização. Parei no semáforo, achei meu cantil, Charles, no porta-luvas. “Que diabo você fazia no porta-luvas, Charles? Vejam só... Esta cheio! Uísque!”.

Acordei com a água da chuva caindo em meu rosto. Olhei ao redor, eu estava caído ao lado da minha cama, a janela estava aberta sob minha cabeça.

Charles estava em minha cama, vazio. Garrafas, novas, jogadas no chão, com a chave do meu carro. E na minha cabeça, um grande branco.

“Merda! Por que eu que eu tenho de dormir no chão...”.

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