quarta-feira, 21 de março de 2012

Poesia Nua

O sol aos poucos entrava e iluminava seu corpo quase inteiramente descoberto. Ela brilhava, era como se fosse coberta com ouro, sua pele e seu longo cabelo dourado. Suas costas e suas pernas estavam descobertas, eu me controlava para não agarra-la de uma vez, mas seu sono era profundo e Mélanie ficava linda dormindo.

- Bom dia meu amor.
- Você não devia ter acordado, está muito cedo e estava tão bom vê-la dormindo.

Seu sorriso envergonhado me deu certo tesão.

- Não dormiu de novo?
- Com você ao meu lado? Prefiro te olhar. – Novamente o sorriso.
- Você acabou comigo ontem à noite.
- Não fale assim... Seus lábios são lindos e sua voz é como uma melodia perfeita demais para falar assim. Não diga isso, diga que nós... Diga que nós fizemos uma poesia nua.

Mélanie levantou e me empurrou contra a cama, subiu em mim e disse:

- Você é tão lindo, poético e gostoso... – O último ela sussurrou ao pé de meu ouvido. – Mas quando estamos nesta cama, você deixa a poesia apenas no papel, aqui você é surpreendente!
- Por que você tem de falar assim!

Peguei suas pernas e a levantei a encaixando em meu membro, extremamente duro. Acabamos com a simplicidade romântica daquela manhã e a transformamos em amor, amor carnal. Como eu amo sexo matinal!

Tomei um banho, me vesti bem e fomos almoçar em um restaurante próximo a casa de Mélanie. O plano era nos alimentarmos e terminarmos o dia em sua casa, nos preparando para sairmos em um encontro com um casal de amigos dela.
Chegamos ao restaurante e logo estávamos sentados bebendo enquanto nossos pratos eram preparados.

- Malditos! Tenho certeza de que se não seria tão bem atendido se estivesse sem essa camisa preta e barba feita...
- Meu amor, se acalme. Não transforme isso em outra confusão.

Resmunguei como de costume, virei meu copo e já ia pedir outra dose.

- Você ainda tem as marcas de sua última explosão de raiva. Não vamos estragar o dia, ok?

Olhei em seus olhos, não me contive. Aquela mulher sabia como me dominar apenas com um olhar.

- Tá legal está tudo bem.

Já estávamos quase acabando de comer, eu já tinha tomado quatro copos de uísque, enquanto ela ainda tomava sua segunda taça de vinho.

- Você anda calado e estranho demais ultimamente. Quer me dizer algo? – Se pronunciou Mélanie, colocando assim um fim ao silêncio daquela refeição.
- Não é nada, Mel. Fique tranquila – Beijei sua não mão e sorri para ela.

No caminho para casa foi nada mudou, ficamos calados, meus pensamentos se mantinham frequentes, assim como meus calafrios, o que me deixava distante. Mélanie ao mesmo tempo em que parecia se importar, também demonstrava imparcialidade quanto a tudo isso.

Entramos em sua casa, ela se acomodou em frente à TV fumando seu cigarro francês. Preparei um drink para mim. Ela me olhava com sua franja sobre os olhos.

- Às vezes, eu sinto que você não sente algo por mim e se sente, não ultrapassa certos limites...

Mélanie não tinha o que dizer, ela me olhava sem saber o que pensar e o que sentir. Eu acabei minha bebida em um único gole, virei às costas para ela e fui preparar outra dose. Quando voltei para a sala e me sentei ao lado dela, sua expressão continuava a mesma, seus lábios se mantinham parados.

- Você sabe que é única para mim, certo? – Eu acariciava sua perna enquanto me declarava.
- Creio que sim... – Ela ainda estava confusa.
- Não tenha dúvidas quanto a isso, eu realmente gosto de você.
- Eu também sinto isso, mas você tem de começar a acreditar em mim.
- Tá legal. – Terminei outro copo.

Poucas horas depois, nós estávamos junto ao casal amigo de Mélanie, Rafael e Vanessa. Eu já estava muito bêbado, era impossível notar como eles eram extremamente chatos. Rafael era um cara alto, magro e com uma cabeça enorme, passava-se por culto, tinha uma cara estúpida e fazia piadas idiotas. Vanessa, apesar de ter belas pernas e seios enormes, não conseguia se manter calada nem por um segundo, ria alto e fofocava demais. Fui praticamente forçado a beber mais.

- Eu sou um grande fã dos seus livros! Agora me responda uma coisa, você realmente teve todos aqueles relacionamentos?
- Acho que não seria apropriado falar sobre isso essa noite... – Respondi com receio de que Mélanie ficaria enraivecida com aquele assunto.

As duas não paravam nem mesmo para respirar, falavam como loucas. E ele tentava embarcar em uma conversa filosófica comigo quando estava de fora do assunto das garotas.

- Às vezes acho que nossa sociedade não está pronta para esses avanços todos da tecnologia. Afinal de contas, mal sabemos cuidar de nosso povo, votamos naquele candidato que nos faça rir mais, somos totalmente cegos perante nossos problemas como o consumismo, a miséria...

Não me contive e tive de interrompê-lo, aquele cara não conseguia parar de falar merda.

- E que porra você sabe sobre miséria? Consumismo? Você é a merda de um capitalista alienado que compra toda essa porcaria e ainda se sente no direito de falar algo contra isso? Mais que maldita hipocrisia! Você mal sabe onde o seu pinto está se enfiando! Por que você não simplesmente cala essa boca, bebe e não fode com a minha cabeça com tanta merda?!

Eles me olhavam com aquele maldito olhar de espanto, Mélanie ainda me olhava com repreensão, como se eu tivesse dito algo errado... Eu apenas olhava para o fundo do meu copo quase vazio e pensava “onde diabo está o garçom com a minha bebida!”.

- Olha me desculpe... Não era isso que eu queria dizer. - Soltei uma grande baforada de ar, junto de uma montanha de mentiras.
- Não tem problema, eu entendo como você deve estar. É a bebida, certo?
- É claro, a bebida... – Olhei fundo em seus olhos com uma expressão de raiva, por que sempre culpam a minha bebida?!
- Quando sairá seu próximo livro?
- Quando eu tiver aquela garrafa de Tequila em minhas mãos, ai sim eu terei tudo que eu preciso para sobreviver.

À noite segui desta forma. Demorou certa de 15 minutos para chegar minha garrafa e quando finalmente a tinha em mãos, era impossível não me apaixonar. Era linda, ela me olhava direto nos olhos e com um sorriso maravilhoso, eu a acariciava com delicadeza, tomava longos goles, apreciando cada gota. O amor estava no ar.

No outro dia, eu acordei no sofá da casa de Mélanie com o sol batendo em meus olhos e a Tequila em meus braços. Não tinha nenhuma lembrança do resto da noite, mas isso não era tão importante...

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