sexta-feira, 16 de março de 2012

Paz e Amor

Após quase oito meses, meu grande amigo, Bob, tinha voltado depois de todo esse tempo trabalhando em seu próximo filme. Então, para celebrarmos sua volta, decidimos sair como nos velhos tempos.

Estávamos indo para uma praia, onde ele ouviu dizer que iria ter um luau. Coisa de hippie, ascender uma fogueira na beira do mar, tocar violão, apreciar as estrelas e tragar seus problemas em uma longa fumaça...

- Então, como as coisas estão?
- Na mesma, secando garrafas assim como diminuo minha expectativa de vida...

Bob era um cara diferente, tinha uma cara de bobo, estava sempre sorrindo e rindo da vida. Seu cabelo sempre estava bagunçado por causa do vento, sua barba mal feita cobria suas bochechas gordinhas e seu sorriso era amarelo, graças ao vicio em cigarro.

- Nem mesmo uma garota francesa poderia te tirar dessa? – Disse ele com seu sorriso de sempre.
- Há há, não sei te dizer com certeza, ela tem me ajudado bastante. Agora eu posso aproveitar uma tarde de sábado no parque com crianças brincando e pseudo atletas se exercitando, sem problemas.
- E isso não é bom? Onde você tem dúvidas de que ela te faz bem?
- É difícil explicar, ainda tento entender o que acontece. Eu olho pra ela com amor, adoro sua voz, seus lábios, olhos, cabelo, tudo! Mas tem dias que eu não a reconheço, olho para ela e não acredito que aquilo é real, ainda espero que tudo seja um sonho.

Eu olhava fixamente para a estrada escura, nada em mente, apenas a imagem dela com seu cigarro aceso, cabelos soltos e caídos sobre seu ombro nu, enquanto o outro é coberto por sua camisa branca e seu seio direito está descoberto, apenas protegido por seu sutiã vermelho bordado.

- Ao mesmo tempo em que ela me tira do meu exilio com toda a sua empolgação e vontade de viver, eu acabo me enfiando mais nessa, ela às vezes me dá arrepios só de olhar, mal posso olhar no fundo de seus olhos.

Bob me olhava com estranheza, ele não entendi o que eu estava dizendo, nem mesmo estava entendendo. Apenas fala o que me vinha em mente, sentimentos obscuros e sem uma explicação direta.

- Você estava precisando mesmo da minha companhia! – Novamente ele sorria, como se pudesse simplesmente esquecer suas tristezas com um sorriso bobo e sem motivo.

Sua atitude conseguiu quebrar meus pensamentos, sorri com ele.

- Como nos velhos tempos! Eu, você, algumas garrafas, um maço de cigarros e estamos prontos para nos afogar num mar de mulheres lindas e cheias de amor para DAR!

Nossas gargalhadas eram de alivio, para que pudéssemos sentir uma alegria repentina e seguíssemos nosso caminho tranquilamente.

Aumentei o volume do rádio, tocava Bob Dylan, sua música entrava em nossas mentes e agia como uma droga, seu efeito era imediato. Nós podíamos ficar horas na estrada, estaria tudo bem, apenas seguindo a diante como se a estrada fosse a cura para nossas feridas.

“Som é a cor que eu conheço. Som é o que me mantém procurando pelos seus olhos. Som de seu hálito no frio. E, o som me trará de volta para casa.”. Era tudo o que me vinha em mente naquele instante.

Entrei por uma estrada de terra e areia, a área era coberta por árvores enormes. Era possível ver a luz forte da fogueira, suas chamas aqueciam toda a região. Parei meu carro próximo às pedras. Nós olhamos ao redor, era exatamente como imaginava, a festa era livre, pessoas para todos os lados, bebendo, fumando, rindo, era a magia hippie!

Ficamos sentados olhando o mar, o som que fazia quando a maré subia pela areia, tudo estava tendo um efeito parecido naquela noite.

- Eu não sei, às vezes me sinto fora do meu lugar, como se eu não pertencesse a este lugar. – Bob abria seu coração, exatamente como quando éramos adolescentes. – Quando eu era pequeno tinha na cabeça que eu filho bastardo, adotado, algo assim.
- Você é especial, assim como todos que tem um dom. Seus filmes são sensacionais, coisa de outro mundo! Sua cabeça está sempre nesse outro mundo, seu mundo e isso te faz sentir diferente dos outros...

Ficamos calados, apenas bebendo. Bob tinha uma garrafa de vinho nas mãos e um cigarro na boca e eu bebia um uísque de 10 reais enquanto olhava para a Lua refletida no mar.

Duas lindas mulheres se aproximaram, uma era morena, cabelo liso, sorriso no rosto, olhos castanhos e seios enormes. A outra era ruiva, lábios finos, sorriso meigo, pele branquíssima, seios pequenos, mas eram fantásticos.

- Olá, nós podemos nos juntar a vocês? – Disse a morena.
- Mas é claro! – Respondeu Bob com seu jeito enrolado de falar.
- Eu me chamo Mariana, e ela é a Pamela.
- Olá... – Pamela tinha sua timidez clara ao se pronunciar.

Nós acabamos nos separando em meio à conversa. Bob e Mariana logo estavam se beijando deitados na beira do mar. Eu e Pamela decidimos andar, fomos até as pedras, sentamos bem próximos ao mar.

- Você não é de falar muito não...
- O que você gostaria de saber?
- Não sei... No que você está pensando ai olhando para o nada?
- Não estou olhando para “nada”, eu vejo mil coisas nesse horizonte. A Lua está especialmente linda esta noite, o mar me faz ter vontade de não sair de perto dele e seu som. Me desculpe, eu acabo falando demais as vezes.

Nós dois começamos a sorrir e nos olhar. Pamela não me dava arrepios, seus olhos eram muito bonitos e seu sorriso me fazia sentir vontade de sorrir também. Chegamos perto um do outro, nos abraçamos e eu a beijei com extrema delicadeza. Seus lábios eram perfeitos.

Sem qualquer pressa nos despimos, encostei minhas costas em uma pedra, Pamela subiu em mim e começamos. Nunca havia visto algo tão belo antes, a Lua iluminava todo o seu corpo que refletia seu brilho, realçando a beleza de seus seios. Ela dava alguns pequenos gemidos ao pé da minha orelha. Nós não estávamos fodendo, estávamos fazendo amor, puro amor.

Fomos embora pela manhã, vimos o Sol nascer entre as montanhas durante a viagem de volta. Não pude esquecer-me da noite anterior, eu e Pamela juntos, foi algo que me libertou daqueles pensamentos pesados da viagem de ida. Mas logo tudo estaria como antes, novamente estaria pensando nela e no que sinto por ela. Preciso achar um jeito de ajeitar minhas merdas, não posso deixar que Mélanie se torne apenas esperança...

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