quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mélanie

Eu havia marcado um encontro com uma mulher que tinha escrito para mim algumas vezes. E uma dessas vezes ela me mandou uma foto sua, nua. Seu corpo era delicado, pele rosada, algumas pintas em sua barriga. Seus seios eram pequenos, mas com mamilos apontados para frente, como duas pistolas prontas para atirar diretamente no seu coração. Depois de observar diversas vezes aquela foto, notei uma pequena marca, semelhante a um coração, ao lado da sua vagina.

Seu nome era Mélanie, uma jovem de 28 anos, francesa de cabelos loiros, encaracolados, olhos azuis e lábios finíssimos. Eu ficava excitado só de olhar para ela. Suas cartas não eram como a de outras mulheres, ela descrevia a leitura de uma forma descomunal, com amor. Há anos não via algo assim, alguém realmente apaixonado pela arte de escrever.

Ela dizia que amava meu jeito grosseiro de escrever, dizia que se sentia uma pervertida, porém mantinha sua delicadeza feminina. Meus escritos regados por bebidas e sexo a faziam sentir como uma verdadeira mulher, amada e odiada, cheia de prazer e raiva. Essa mulher entendia a coisa.

Sentia-me nervoso, por isso estava bebendo mais do que o de costume, antes de encontrar com uma mulher desconhecida. Pensamentos como: Elas vinham e logo após me verem, iam embora discretamente, caso demorassem a chegar. Ou até mesmo que elas logo perderiam o interesse ao perceberem que eu não sou o cara mais sociável do mundo.

Ergui meu copo e tomei todo o liquido que havia dentro dele, rum com coca, uma das minhas bebidas favoritas. Então, sentou-se uma mulher magnifica, de cabelos loiros e olhos azuis, era Mélanie. Ela olhou para mim, com um grande sorriso no rosto e disse:

- Olá! Minha nossa, eu não acreditei que você realmente estaria aqui, eu estava muito nervosa, me desculpe pela demora.

Senti-me aliviado após aquilo.

- Eu não seria louco de te deixar esperando por nada aqui.

- Mas que gentileza.

Ela era ainda mais linda pessoalmente. Pude notar o quanto a sua pele era macia e corada. Linda!

- E como vão seus escritos? Algo novo?

- Bom, não gosto de falar muito sobre isso... Mas tudo bem. Eu tenho escrito menos nos últimos dias, a bebida tem tomado conta de quase todo o meu tempo livre.

- Quanto você tem bebido?

- Cerca de 19 horas por dia...

- MINHA NOSSA! E você nunca para pra dormir?!

- Tem horas que eu apago.

- Você parece ter problemas com álcool, não acha?

- Eu acredito ter muitos problemas, álcool seria a solução para eles. Não deveríamos falar sobre isso mais, vamos mudar de assunto.

- Está bem, o que você achar melhor.

Conversamos durante horas. Era algo novo e divertido tudo aquilo, não ficar apenas imaginando como seria quando saíssemos bêbados de lá. Afinal, eu não acreditava que seria como com as outras, já não estava sendo.

- Pelos seus livros você passa outra imagem de si. Mas esta noite eu vi um lado novo e muito especial, aparentemente.

- O que quer dizer com isso?

- Nos livros, você parece apenas um velho rabugento e muito triste por coisas do passado, talvez da sua infância ou coisas familiares. Aqui, conversando com você e olhando nos seus olhos, percebo o quanto você é feliz, mas apenas não sabe disso. Tem um coração bom, é um homem jovem e muito bonito! Seus pensamentos, apesar de serem contrários de quase toda a sociedade, são muito valiosos e revolucionários. Adorei te conhecer, de conhecer esse seu lado.

Aquelas palavras, malditas palavras, mexeram comigo. Nunca alguém foi capaz de dizer algo tão profundo e verdadeiro. Parei para pensar em tudo aquilo durante alguns minutos e vi que ela estava certa. Apesar de tudo, eu poderia me sentir bem comigo mesmo, em algum momento da minha vida.

- Vamos tomar a ultima dose e dar uma volta lá fora? – Eu propus.

- Mas é claro!

A noite estava encantadora. A lua iluminava a rua, juntamente das estrelas que enfestavam o céu negro. Uma brisa gelada fazia Mélanie tremer de frio, então a abracei gentilmente. Paramos em uma praça, próxima a minha casa.

- Acho que essa é a noite mais feliz que eu tenho nos últimos meses. – Ela disse em tom sereno.

- Fico feliz em saber que foi em minha companhia.

Nós nos olhamos naquele momento. Nossos rostos se aproximavam devagar. Senti minha barba em seu rosto, em seguida foram nossos lábios.

- Vamos para outro lugar, aqui esta ficando muito frio. Sua casa não fica por perto?

- Minha casa não é o lugar ideal para eu te levar agora.

- E por que não? Há alguém lá?

- Não, não é isso. Eu apenas não me sentiria a vontade em te levar para um lugar que fede a cigarro, bebida e vômito para estragar nossa noite.

- Não! Vamos para lá, não tem do que se envergonhar. Vamos, por favor.

Ela não se importava com o ambiente em que estaríamos, a menos que estivéssemos juntos, para ela seria ótimo.

Entramos em minha casa e eu a entreguei um copo, limpo, com conhaque e coca. Conversamos por mais alguns minutos enquanto bebíamos sentados em minha cama. Um sentimento novo estava no ar. Era quente, de fazer o estômago formigar de ansiedade. Era sexual, puro e intenso.

Deixamos os copos sobre o carpete, enquanto tirávamos nossas roupas devagar, deitamos na cama. Ela subiu em mim e começou a me beijar. Parava por alguns segundos, apenas para me olhar dentro dos olhos e sorrir com delicadeza, porém com uma grande expressão de sexualidade.

Ficamos durante horas nos aprofundando em nossos fluidos corporais. Então, quando não sobrou mais nenhuma força para movermos nossos músculos, deitamos ofegantes e acabados. Dormimos em segundos.

Tive um sonho muito estranho com uma freira me chupando enquanto eu, bêbado, procurava por algum sinal de esperança em um bar velho com acessórios de navegações naufragadas. Acordei ao lado de Mélanie e pensei: Ficarei com ela por algum tempo.

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