segunda-feira, 30 de julho de 2012

Reunião de Negócios

- PUTA QUE PARIU!
- O que foi?
- EU TO CAGANDO MERDA VERDE!
- O que?!
- A minha bosta tá verde!
- Como assim, Leo? Verde?
- É, cacete, tá verde.
- Há há há. – Ela ria da minha desgraça.
- Do que você tá rindo? Não iria rir se fosse com você.
- Sim, por que eu nunca bebo tanto quanto você, então eu não chego nesse ponto.
- Isso não vai ajudar a resolver meu problema.
- Talvez se diminuísse a bebedeira... Isso é normal, você não se alimenta direito, bebe o dia inteiro. Como foi a sua reunião ontem? Pelo jeito de arrasar, não?

Fiquei alguns minutos ainda no banheiro, tentando esfriar a cabeça jogando água no rosto. Odeio quando isso acontece, a bebida estava acabando comigo naquela manhã e pra piorar Mélanie se aproveitava da situação para me dizer como eu estava abusando dos meus hábitos.

A reunião a que ela se referia, não foi nada convencional. Eu, Bob e Alex fomos nos encontrar na noite anterior, realmente para uma reunião. Bob e eu iriamos discutir alguns assuntos de trabalho, um amigo dele me queria como roteirista em um curta que estava para fazer. Alex foi para beber, é claro. Então nos encontramos em um bar, conversamos e por fim fomos a uma boate de strip-tease.

- Aqui estamos nós! O Inferno Verde, o melhor lugar para beber, ver umas tetas balançado e um bumbum requebrando no seu colo.
- Você é um péssimo publicitário Alex.
- Cala a boca e vamos entrar logo!
- Tarado... – Disse Bob com ar decepcionado e irônico.

Entramos na fila e alguns cigarros e conversas sobre raspar ou não a bunda depois (nunca entendi como chegávamos nesse tipo de assunto) chegamos até a porta.

- 80 reais com duas cervejas por conta da casa.
- É, espero que isso valha a pena, não cago dinheiro.
- Leo, fica quieto e entra seu cachaceiro.

O lugar piscava luzes verdes, obviamente. O chão era coberto por uma fina camada de fumaça com tonalidades esverdeadas devido às luzes. Havia um bar, mas todas as cadeiras estavam ocupadas, assim como as duas fileiras de frente para o palco onde as dançarinas fariam suas belas apresentações. Sentamos no canto, duas poltronas para duas pessoas e uma mesa.

Uma das garotas se aproximou e se apresentou:

- Olá rapazes, vocês são novos aqui, certo?
- Sim, minha linda. – Alex, sempre tarado olhava aqueles peitões enormes.
- Bom, é um prazer conhece-los. Meu nome é Catarina, eu sou responsável por satisfazê-los com nossos drinques.
- Eu sou Bob, esse tarado aqui é o Alex e o barbudo encarando o poste de iluminação do palco é o Leonard.
- Há há, vocês são engraçados.
- Não diga isso, Bob tem a ilusão de que sabe fazer piadas tão boas quanto Jerry Seinfeld.
- Ei, fica na sua maluco!

Rimos todos juntos.

- E então cavalheiros o que gostariam de beber?
- Uísque para todos?
- Se você pagar... – Alex, sempre mendigando.
- Uísque e as nossas cervejas gratuitas.
- Estarei de volta em cinco minutos rapazes.

Ela tinha um lindo sorriso.

Algumas garotas começaram a sair de toda parte. Algumas muito lindas, outras apenas com pernas, peitos e bunda exageradamente grandes. Elas rodavam as mesas oferecendo danças no colo, danças na sala particular e coisas do tipo. Eu nunca fui do tipo que fica olhando para cada pedaço de bunda que passa empinando por ai, na verdade eu sempre reparo nas pessoas ao redor, vejo cada olhar que aquela bunda ganha e a reação que ela causa em um velho tarado ou em um adolescente punheteiro.

- Então, Leo. Aquele assunto que queria tratar com você...
- O que tem ele?
- Um amigo meu lê seu trabalho e é um grande apreciador dele. Assim como você também idolatra Bukowski, Kerouac, e ele vai fazer um curta agora em Agosto, me pediu para te apresentar a ele para conversar, conhecer o autor. Eu acredito que ele vai te fazer a proposta logo nessa primeira conversa. Ele te quer trabalhando com ele.
- Não gostei disso.
- Do que?
- Ele parece me desejar muito, isso pode dar cadeia.
- Cadeia? Do que você tá falando? Há há.
- O cara vai pensar que tem intimidade, só por que leu algo meu acha que me conhece.
- Não é assim, eu te garanto. Ele quer seu trabalho, gosta dele e acha que encaixa perfeitamente no filme.
- E sobre o que seria esse tal filme?
- É sobre um vagabundo que larga os estudos com 19 anos, após repetir duas vezes seguidas o último ano do ensino médio. Ele começa a viajar em contos eróticos e de aventuras, como as de Kerouac. Ele se prepara para um mochilão pela Europa, mas não chega nisso. O curta mostra toda a preparação, o que ele acha que sabe, mas no fim precisa aprender para enfrentar esse tipo de desafio. Coisas assim.
- Hm.
- Hm? Eae, interessado?
- Acho que sim, preciso pensar um pouco. Ei, querida! Caty, por favor, traga mais uma dose para mim.
- Vocês vão passar a noite nessa conversa mole? Vamos apreciar o trabalho das meninas, elas se esforçam tanto pra chegar onde estão e vocês não valorizam isso. – Alex, sempre falando mais do que deveria.
- Ééé! Vamos curtir essas garotas! –Bob entrou no clima.
- Agora sim! – Alex se entusiasmou mais.

Rodas de bebidas e mulheres se foram num piscar de olhos.

- Cara, eu tô viciado num mamãe e papai. – Disse Alex com água na boca.
- Eu prefiro que ela dê uma boa cavalgada. – Continuo Bob.
- E você Leo, o que prefere?
- Eu? Sexo é ótimo de qualquer maneira, mas se fosse escolhe uma posição... Não sei, talvez por trás, pegar numa cintura desenhada e ver duas pernas brancas indo para frente e para trás, com a sensação de total entrega no rosto de uma mulher... Não tem preço.
- Você sempre tem de ser tão especifico, não é? Maldito, preciso disso agora! – Bob era um pervertido nato.
- Sua francesa deve estar realizada com essa sua imaginação.
- Realizada? Meu velho amigo Alex, aquela desgraçada parece ter sido feita sob medida para mim. Somos perfeitamente moldados, como se fossemos duas peças que apenas se encaixariam com perfeição se estivermos unidos.
- Tá apaixonado... – Debochava Bob.
- Vocês não entendem, quando ela abre aquelas pernas para mim, meu pau entra com amor e precisão.
- De novo? Cara, eu já tô enlouquecendo com esse papo todo, preciso de uma xoxota molhada nesse momento... Encontro com vocês mais tarde, verei o que consigo por aqui. – Alex, sempre conseguindo o que quer, quando quer.

O que aconteceu em seguida é difícil descrever, as coisas que lembro depois de mais rodadas de uísque com Bob são pedaços mal resumidos do restante da noite. Algo com um negro e um careca nos expulsando por alguma bobagem que Alex aprontou pra cima dos peitões da garçonete, algumas porradas na barriga e na cara em seguida, uma longa caminhada até alguma parte da Dutra... Em fim, estava tudo bem no final, estava em casa, estava vivo, estava com Mélanie me comendo os ouvidos com tantas reclamações.

1 comentários:

O urso disse...

esse alex.... é um fanfarão...

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