quarta-feira, 6 de julho de 2011

Escrevendo um Romance

Após tomar uma caneca de café bem forte, sentei diante de minha máquina de escrever, afinal eram 4 da manhã, ou seja, hora de trabalhar. Acendi um cigarro como de costume, maldito câncer, vicio maravilhoso. Ajeitei a folha branca na máquina, puxei o cinzeiro para perto e coloquei o cigarro aceso nele.

Tentava ajeitar meus pensamentos, traçando uma linha de raciocínio por eles e assim, escrever outra carta de pura raiva e ódio voltada para a sociedade e, consequentemente, a raça humana. Coisas comuns para um homem bêbado cuja eficácia é escrever.

Porém, inexplicavelmente não conseguia me concentrar em um único pensamento. Me inclinar para trás na cadeira e respirar profundamente, o café ou o cigarro, nada me fazia relaxar e manter o foco em uma única ideia. Sentia o inferno dentro da minha própria mente.

Comecei a ficar impaciente, então me levantei e comecei a andar em círculos pelo minúsculo quarto esbravejando gentilezas para todos os móveis em que esbarrava. De repente parei, observei uma das diversas manchas no carpete bege. Me veio então um impulso. Escrevi tudo o que me vinha à mente naquele instante, organizei os papéis bem bagunçados por todo o chão e me deitei. Levei as mãos a cabeça, fechei os olhos e estava pronto. Podia sentir cada pedaço de papel espalhado pelo chão, via-os todos em minha mente, eram meus pensamentos organizados numa bagunça com papéis.

Me sentia bem comigo outra vez, organizei os pensamentos todos. Um romance acabara de ser criado a partir daquilo. Era uma histoória de amor entre uma renomada advogada e um escritor bebum que havia sido preso por causar transtorno numa igreja e por estar dormido numa praça pública próxima a uma escola primária, fedendo a cachaça e vômito. Apenas outro romance clichê mostrando que os opostos nem sempre são tão “opostos” assim. Por fim, me levantei e transformei o texto pensado em um conto de 18 folhas.

Enfiei as 18 folhas em um envelope que deveria mandar logo pela manhã aos editores da revista que havia me contratado naquela semana para fazer exatamente isso, um romance curto entre duas pessoas distintas e com certas diferenças.

Recolhi as folhas espalhadas no chão uma a uma. Coloquei-as sobre a mesa, acendi um cigarro e me servi uma bela dose de whisky para comemorar o trabalho bem feito. Enquanto dava uma tragada profunda sem prestar muita atenção, desviei o olhar da ponta do cigarro para o monte de folhas sob a mesa. E a primeira delas estava escrito algo que não me lembrava de ter escrito, mas que sabia o que o porquê tinha escrito.

Estava escrito naquela folha o primeiro conto que escrevi desde que decidi me tornar escritor. E com carinho, decidi guarda-la em minha gaveta, junto a outros objetos de grande valor sentimental e que me trazem ótimas lembranças.

1 comentários:

Rafael Miranda disse...

Maneiro brother !!

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