quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ele é Especial


Eduardo era um cara diferente, estava sempre em destaque comparado aos outros. Quando criança era o menino mais engraçado da turma, fazia até a professora chata de matemática rir de suas brincadeiras bobas. Quando adolescente ele era o menino com carinha de anjo, sabia beijar de língua há dois anos e meio, não era rico, mas ganhava blusas da Hollister e GAP dos seus primos mais velhos que iam bastante para fora do país com seus pais.

Mas foi em sua fase “pré-adulta” que Eduardo viu seu potencial chegar a um nível fora de suas expectativas. Esperto, como sempre, ele aprendeu com os primos mais velhos, com alguns filmes, livros e usando sua imaginação a arte de seduzir uma mulher. Não apenas de seduzi-las, mas de engana-las e manipula-las. Eduardo cortava o cabelo, fazia a barba, escolhia com maestria suas roupas de acordo com a estação do ano, com o lugar que passaria a noite ou até mesmo para ir ao trabalho e encontrar com a nova secretária boazuda que o chefe lhe fez o favor de contratar.

Após uma noite de bebedeira não planejada, ele e alguns amigos foram parar em um estúdio de tatuagem e piercing. Depois daquela noite, ele e os amigos criaram o ditado “se beber, nunca, nunca entre em um estúdio de tatuagem!”, uma mistura de “se dirigir, não beba” com “cu de bêbado não tem dono”. Um amigo fez uma caveira mexicana no braço, o outro uma carpa nas costas e Eduardo uma cobra no antebraço, mas era pouco para ele. Como já disse antes, Eduardo sempre se destacava. Apenas uma cobra? Não, impossível parar por ai...

Seis meses depois Eduardo viu seu nome e sua fama se espalharem por toda a cidade de São Paulo. As mulheres não resistiam a seu charme, os homens tinham inveja do seu talento, o menino vindo do interior apareceu para colonizar a metrópole com o prazer na ponta da língua. Ele ficou conhecido como “ponta dupla”, “linguarudo” e “língua de cobra”.

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